Parte 1 – A origem e inspiração de tudo

Tarragona, outubro de 2015. Nosso circuito Portugal/Espanha se aproximava do seu final. Naquela tarde, de nuvens e garoas esparsas, iríamos visitar o Mosteiro de Poblet, fundado em 1151 e que foi panteão real da Coroa de Aragão no final do século XIV. Um mosteiro da ordem Císter e que, ainda hoje, tem monges em clausura.

Esta visita não gerava grandes expectativas; não naquela altura da viagem, depois de já termos conhecido tantos mosteiros, castelos, fortalezas, igrejas e catedrais magníficas.

Porém, o inesperado, o inusitado me aguardava! E aquela visita, para mim, seria a mais significativa e inesquecível entre todas; e, mais que isso, seria um marco, o início da minha jornada efetiva como escritora.

Ao entrar naquela construção de pedras, sinto uma energia densa e angustiante. Fico envolta numa aura de agonia e ansiedade que me deixa num profundo mal-estar, a ponto de não conseguir desfrutar da visita, nem acompanhar as explicações que a guia local nos fornecia.

Me afasto um pouco do grupo, tentando entender o que me acontece. Estou num corredor, e do lado direito percebo uma grande porta de madeira e vidro. Espio para dentro, e vejo que se trata de uma biblioteca, com prateleiras grandes e altas: o retrato das antigas bibliotecas!

Minha respiração e batimentos cardíacos estão descompassados. Tenho a impressão de que algo muito ruim e triste está prestes a acontecer.

Ansiedade. Angústia. Medo.

A visita prossegue, e vamos conhecer a capela de orações do mosteiro: lindíssima, com seu altar todo de alabastro – uma rocha branca, translúcida, semelhante ao mármore, porém menos resistente, muito usada em trabalhos de escultura. Na capela, eu me sento e aquelas sensações de pavor e angústia vão diminuindo, mas só vão passar em definitivo quando, para meu alívio, saímos para a rua novamente.

Ar puro, que delícia!

Ao sairmos do monastério, mas ainda dentro do seu complexo, uma amiga, médium espírita, que havia viajado comigo – estávamos em 4 – me abraça e diz: “Ah Mara, que lugar maravilhoso! Que energia maravilhosa!”

Eu não entendia, o que havia acontecido! Que energia era aquela que somente eu havia sentido?

Nem a garoa fina e fria que caía na nossa saída, diminuíram minha sensação de liberdade e paz! Mas eu fiquei confusa, aturdida com todas aquelas sensações que as paredes daquele monastério me provocaram. Desisti de ir conhecer o Santuário de Montserrat, última visita do dia antes de chegarmos ao hotel, em Barcelona. Peço ao motorista e ao nosso guia permissão para esperar dentro do ônibus, e lá permaneço. Sozinha, quieta, eu e meus pensamentos, minhas dúvidas, e questionamentos em relação ao que acabara de viver.

O que senti ou percebi, lá no interior do Mosteiro de Poblet? Teria aquele lugar, sido utilizado como prisão ou quartel-general durante a inquisição espanhola? Essa era a minha hipótese, mas eu iria investigar.

A viagem termina, e de volta ao Brasil, o ocorrido naquela tarde voltaria a ocupar meus pensamentos intensamente. No fim daquela mesma semana, vou para o litoral, e lá tenho um sonho com o monastério! Só que o vejo não como o conheci, mas em tempos passados, que não saberia precisar. Também vejo um cavaleiro templário chegando em seu cavalo, na parte de trás do monastério – que eu nem conheci.  O templário e seu cavalo estão muito cansados, sujos, sinais de uma longa jornada que os trouxe até ali. Ele está angustiado, ansioso por encontrar alguém.

Lá, ele encontra uma jovem mulher tirando água de um poço de pedras. Era quem ele buscava encontrar.

A partir deste sonho, fui pesquisar e estudar a história daquele monastério, a história dos Templários, e tentar entender a conexão entre essas duas partes daquele quebra-cabeças – era assim, que eu via tudo o que vinha me acontecendo.

Sou médium espiritualista, e conversei com pessoas da casa onde trabalho, tentando entender a experiência ocorrida no monastério: me foi dito, que eu tivera uma espécie de “flashback” de sensações vividas ali, em uma vida regressa. Não eram energias do lugar, mas sensações vividas por mim, que por algum motivo estavam voltando.+ Também fui aconselhada a escrever.

Mas escrever o que? Eu nem sabia, exatamente, o que escrever…

Resolvi começar com uma pesquisa sobre o Monteiro de  Poblet.

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