Espiritismo, espiritualista, umbandista

Esta semana assisti um vídeo, onde foi dito que não existe espírita kardecista e espírita umbandista. Existe o espírita e o umbandista! E o que no máximo, a Umbanda poderia ser categorizada como espiritualista.

Bom, essa categorização da Umbanda como espiritualista me incomodou! Eu não sabia bem porque, mas ficou uma luzinha ativa na minha mente. Resolvi, buscar minhas anotações sobre as diferenças entre espírita e espiritualista, os fundamentos da doutrina espírita e da umbanda.

Compartilho aqui com vocês minhas anotações, e, minha percepção pessoal sobre o tema.

“Espiritualista” são todos os que acreditam em Deus, nas forças universais e na existência da alma. Então, é possível dizer que todas as religiões são espiritualistas, o que não significa na crença dos espíritos e suas manifestações no mundo físico.

Já o espiritismo tem alguns princípios básicos:

1º) Deus, como o Criador de tudo e do todo, a origem e o fim;

2º) Imortalidade da alma (ou do princípio inteligente, como eu prefiro);

3º) Reencarnação ou pluralidade de existências, como a base e oportunidade para a busca de evolução e aprimoramento  moral dos espíritos;

4º) Pluralidade dos mundos habitados (“Na Casa do Pai existem muitas moradas”, disse Jesus);

5º) Intercâmbio/interação entre o mundo físico e o  mundo espiritual – a vida terrena é apenas uma das experiências dos espíritos (imortal) e que estão por toda parte interagindo conosco.

Agora vamos falar da “Umbanda”, palavra que pertence ao  vocabulário quimbundo de Angola e quer dizer “arte de curar”.

Todos os fundamentos do espiritismo, citados acima,  com algumas diferenças na nomenclatura,  são básicos na Umbanda. E ainda podemos dizer que:

6º) As forças do universo/natureza são manifestações vivas do Criador, as quais chamamos de “Orixás”. As energias e vibrações dos elementos da natureza, a quem honramos e protegemos, são manipuladas e utilizadas em nosso benefício. Não há abate de animais na Umbanda!

7º) Deus, o Criador de Tudo e de Todos, a origem e o fim, chamamos de  Olorum;

8º) Religião cristã, baseada nos ensinamentos de Jesus Cristo, a quem chamamos de Oxalá: amor, caridade e humildade. Temos em Jesus Cristo nossa referência espiritual e, portanto, a Umbanda só prática o bem e para o bem, sem cobranças financeiras;

9º) Diferente do Espiritismo ortodoxo, que não dá passagem à manifestação de todos os espíritos, na Umbanda não existe preconceito nem restrições. Qualquer espírito que busque ajuda, o aprendizado e a evolução será recebido e auxiliado conforme nossas possibilidades.

10º) Normalmente é usado o branco em nossas ritualísticas, significando paz, pureza e limpeza. E usamos a voz, a música, o ponto cantado para louvar, chamar ou desligar;  como uma oração para  a conexão, a direção e o auxilio junto as entidades que veem se manifestar.

Então, na minha concepção, a Umbanda está muito mais conectada aos fundamentos da Doutrina Espírita, do que a um conceito espiritualista que abrange uma gama enorme de religiões, como católicos, luteranos, evangélicos, judeus e tantos outras que nem creem nas manifestações dos espíritos.

É preciso lembrar que a Umbanda nasceu dentro de uma sessão espírita, onde o Caboclo das Sete Encruzilhadas se apresentou através do  Zélio Fernandino de Moraes, em 1908, e anunciou a criação desta nova religião, onde não haveria preconceito, nem restrições para a manifestação dos espíritos. Naquela época, o Espiritismo, no Brasil, era muito recente e elitista, quase que restrito as famílias mais ricas que o teriam conhecido em viagens a Europa. E dizem os estudiosos que teria chegado ao Brasil por  volta de 1865 no Rio de Janeiro, e em 1873 em Salvador, datas anteriores a Lei Áurea (1888); e então, fica fácil imaginar como seria a manifestação de um preto velho ou indígena numa sessão desta época ou nos anos subsequentes.

Enfim, cada religião é uma! Única com suas diferenças, princípios, crenças e pormenores bem definidos. Tudo isso não passa de denominações a que, nós, encarnados, ainda precisamos nos agarrar; o fato é que na espiritualidade não existem denominações, nem preconceitos ou divisões religiosas. Somos todos irmãos!

“A religiosidade é uma conquista que ultrapassa a adoção de uma religião!” (Joanna de Angelis)

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