Hoje eu quero falar sobre um filme – “O caderno de Tommy”,  um filme/drama focado num tema pesado: morte e eutanásia, e para muitos, um tema difícil de gerir, triste e emocionante demais.

Assisti ao filme sábado à noite, e nem iria comentar nada sobre ele, porém hoje eu ouvi um podcast que me foi recomendado pela “Folha Espírita”, e adivinhem só, o tema era exatamente morte e eutanásia. Então, vou falar do filme, mas não é uma dica, é a “deixa” para falarmos sobre eutanásia e distanásia.

“O caderno de Tommy” é um filme argentino de 2020, baseado em fatos reais, disponível na Netflix.  A obra gira em torno de uma mulher  com câncer terminal, que resolve escrever um caderno para que seu pequeno filho (3 anos) nunca a esqueça; porém, o filme vai muito além disso, retratando a relação da enferma com a morte, e todo seu processo de aceitação/resignação/preparação junto ao seu marido, amigos, familiares e seguidores do Twitter. O filme não é apelativo, nem melodramático; é quase frio, distante.

O que me chamou a atenção no filme, foi que em sua fase terminal, a enferma, seu marido e o médico haviam acordado para uma “morte assistida”; na verdade, seria feito uma eutanásia (ativa) para abreviar seu final.

Recorrendo ao conhecimento médico, explicamos: a eutanásia consiste na ação (eutanásia ativa) ou omissão (eutanásia passiva) de um terceiro (profissional da saúde ou não), realizada a pedido do enfermo com o objetivo de abreviar a vida do paciente com uma doença terminal e/ou incurável. Existe ainda, o “suicídio assistido”, que é o ato de disponibilizar ao paciente meios para que ele próprio cometa o suicídio.

Quem não lembra do final do filme “Como eu era antes de você?” Neste caso, o paciente nem era doente terminal, mas não aceitava seu estado de tetraplégico, assim como no filme “Mar Adentro” – caso de suicídio assistido, um filme espanhol que mostra uma discussão aberta sobre o tema.

A eutanásia já é uma prática legalizada na Bélgica, Canadá, Colômbia, Luxemburgo, Holanda, Nova Zelandia, Espanha e vários estados da Austrália.

No outro extremo, temos a “distanásia”, que é a prática médica pela qual se prolonga, através de meios artificiais e desproporcionais, a vida de um doente incurável. Aqui, não se refere a pacientes em coma profundo e prolongado, pois sempre há a possibilidade do doente acordar – há casos em que a pessoa despertou após anos em coma profundo.

Quem já teve um familiar querido, numa situação como essa, sabe do quanto é difícil suportar, passar por essa fase: assistir uma pessoa definhar à espera da morte! E aí é fácil, cairmos em tentação e querermos abreviar o sofrimento, a angústia do enfermo, e de todos que o amam.

Entretanto, eu, como espiritualista e estudiosa da doutrina espírita, me sinto na obrigação de alertar sobre o grande problema que estamos criando, para nós e para o doente, ao optarmos por algo do gênero. Lembre-se:  “A vida a Deus pertence!”

Nosso corpo físico está ligado à nossa Consciência (Principio Inteligente/Espírito) por um corpo fluídico, semi-material, modelador e um dos elementos construtivos do nosso corpo físico e, onde estão registradas todas as memórias de nossa existência, e que chamamos de “perispírito”. Com a morte orgânica há o desprendimento do perispírito, desfazendo-se todos os laços vitais/energéticos que ligam o corpo ao espírito – este é o processo de desencarnação, que é gradual e lento, variando conforme o indivíduo.  Deve ser bem entendido que “morrer (físico) não é o mesmo que desencarnar (espiritual)!”  Quando intervimos no processo natural do desencarne, estamos interferindo num processo que a Deus pertence, e o perispírito sofre todas as consequências, entre outras coisas, podendo manter-se ligado ao corpo físico até que todo fluído vital programado para aquela vida termine.

A agonia prolongada, o sofrimento físico pode ter uma finalidade valiosa para alma, e todo o processo, ser uma forma de expurgar imperfeições do espírito, quadros aflitivos criados pelo próprio espírito. Nada é por acaso!

Não temos como saber a importância e o valor (como lição a ser aprendida) do sofrimento físico para o espírito do enfermo.

A falsa premissa de que a morte biológica é o fim, é o que leva as pessoas (materialistas) acreditarem que matar um doente incurável é um ato de piedade!

Cada cabeça uma sentença! Não quero doutrinar ninguém, cada um com suas crenças e convicções, mas deixo meu alerta, em razão de tudo que já vi, ouvi, li, estudei e senti…

Não a eutanásia!

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