Este é um artigo do Juliano Pozati, de 23/set/2021, extraído da página do Círculo Escola.

Tomei a liberdade de publicá-lo aqui no meu site, pois vale a pena ser lido e relido. 

Eu passei por uma experiência muito parecida com a que Pozati descreve neste artigo, há 22 dias atrás. E ler este texto, depois de ter assistido o vídeo, quando chorei, me emocionei e compartilhei da mesma dor que ele, me faz crer que ele não se importará de que mais e mais pessoas tenham acesso a esse belíssimo e emocionante depoimento. Suas lições, seus aprendizados fazem com que a gente pare e reflita a respeito. Podemos concluir exatamente o mesmo que ele ou não. Tudo depende do nosso nível de entendimento e compreensão da vida; de qualquer forma, vale a pena ler…

Caso você se interesse, busque pelo vídeo na página do Círculo no Youtube. è uma aula aberta ao público em geral! 

Mas aviso, é aula para se emocionar!

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O que aprendi com Dudu , de Juliano Pozati  –

No dia 10 de julho de 2021 eu precisei assistir ao desencarne do meu cachorro, Dudu, um schnauzer que estava com quase 12 anos. Foi uma dor tremenda. Além das questões da idade ele estava com um tumor na boca e os recursos da medicina eram tão dolorosos quanto a doença. Então tive que tomar essa difícil decisão do desencarne assistido.

Para me ajudar a lidar com essa dor escrevi 8 coisas que eu aprendi com esse barbudo. Teria muito mais, mas eu fui resumindo. Percebi o quanto a evolução é pautada na qualidade dos relacionando que a gente desenvolve. Eu brinco que ele foi o meu relacionamento mais longo na vida até agora, pois ele passou por três casamentos.

Mas vamos às 8 lições:

  1. SINGULARIDADE
    Consciências mais adiantadas contribuem fraternalmente com a autoconsciência das singularidades de consciências mais jovens. O caminho da evolução é um caminho de valorização das singularidades e sua perfeita inclusão. Todos têm O SEU LUGAR no TODO.

O convívio com ele me fez identificar todas as suas singularidades, os pequenos traços de personalidade que começava a emergir daquela consciência. Não era só um cachorro, era o Dudu. O relacionamento com consciências sempre estimula nas consciências mais jovens a autoconsciência das suas singularidades.

  1. PERTENCIMENTO
    Somos considerados e ocupamos o nosso lugar a partir da consolidação da autoconsciência da nossa identidade.

O Dudu tinha uma paixão por bola, isso fazia parte da identidade dele. E quando temos autoconsciência de quem somos e o que amamos, encontramos o nosso lugar de pertencimento, e esse lugar nos protege e nos empodera.

  1. O CAMPO RELACIONAL
    André Luiz diz que “onde há pensamento há correntes mentais, onde há correntes mentais há assimilação”.

Existe uma pesquisa do Dr. Rupert Sheldrake, autor do livro Dogs that know when owners are coming home, que mediu o entrelaçamento mental entre os cachorros e seus donos, que identificou que quando os donos decidiam ir pra casa, seja onde for que eles estivessem, o cachorro já sentia e se colocavam em posição de espera. Eu vivi isso. Havia correntes mentais entre nós.

  1. GENERALIZAÇÃO X INDIVIDUALIZAÇÃO
    A evolução nos move da generalização para a individualização. A valorização de nossas singularidades abre caminho para o amor fraterno, a complementaridade e a inclusão.

É justamente quando você começa a perceber que o poder da individualização nasce de relacionamentos. Quando eu sei valorizar o que o outro tem de singular encontramos o elemento fraterno de singularidade e o outro é incluído na minha vida de forma individualizada.

  1. GRADAÇÕES E PERSPECTIVAS DO AMOR
    O despertar do nosso surpreendente dom de amar sem medidas, sempre mais, sempre maior. A dor da saudade é diretamente proporcional ao amor vivenciado num relacionamento.

A saudade é do tamanho da ausência. E a ausência é percebida pelos contornos do amor que se vivia. O amor é sempre um caminho de auto superação. Quando achamos que amamos na plenitude, descobrimos que podemos amar ainda mais.

  1. CONEXÃO NÃO LOCAL
    A saudade é uma porta de conexão não local e o amor é o seu pulso.

A conexão construída pelos relacionamentos que são desenvolvidas no amor não têm barreira no espaço ou tempo.

  1. DISPONIBILIDADE PARA A VIDA
    A vida não gosta de esperar
    A vida é pra valer
    A bolinha é pra jogar
    Dudu, meu velho, Saravá!
  2. A FINITUDE DA VIDA E O DESAFIO DA TRANSCENDÊNCIA
    Desafio filosófico: A morte é uma experiência concreta, a finitude da vida orgânica dói. Jesus chorou. Sem transcendência não há superação verdadeira do luto.

Muitos filósofos já tentaram explicar a transitoriedade da vida. E esse golpe nos nossos sentidos ainda dói. Somente a transcendência como prática da consciência pode nos levar para a superação do luto, para a reintegração da vida e do equilíbrio. O amor constrói relações que continuam existindo dentro de nós. O Dudu, com tudo que aprendi com ele, continua existindo dentro de mim.

 

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