Quarentena, letras e emoções

Acordo! Me espreguiço, dou uma alongada nos músculos e ainda fico uns minutinhos na cama. Olho o celular para verificar hora e a temperatura! É mais um sábado de distanciamento social, de quarentena! Nada muito diferente dos dias anteriores desta semana, nem tão pouco diferente dos próximos.  E a pergunta que não quer calar: até quando?

Quarentena já não é um nome apropriado! Quarentena, distanciamento social, isolamento, a verdade é que o nome pouco importa! Estamos longe daqueles que amamos, já não podemos abraçar, dar as mãos, nem cumprimentar direito uns aos outros.

Nossos hábitos e costumes em profunda transformação!

O sol recém começou a surgir. É cedo, mas aproveito e dou uma fugida do meu canto seguro para um rápido passeio na praça com minha cadelinha, a Dóris. Quanto mais cedo, menor a chance de encontrar pessoas nas áreas comuns do prédio, no curto trajeto, ou mesmo na praça, lugar comum para levar os cães ou as crianças para correrem, pegar um solzinho, vitamina D.

Uma breve caminhada com todas as medidas preventivas e todo aparato necessário para burlar um monstro chamado Covid-19. Um inimigo invisível, traiçoeiro e muito agressivo: o mundo vive uma pandemia!

Silêncio, ruas desertas. Não se ouve o motor dos carros, nem o latido dos cães. Até os animais parecem estar mais reservados. Retiro a guia da Dóris, deixando-a livre para passear. Caminho entre algumas árvores, enquanto ela cheira e corre na grama.

Minhas amigas árvores permanecem estáticas no seu silêncio habitual, entretanto, algumas parecem tristes e desoladas como se entendessem tudo o que acontece. Outras parecem sarcásticas, como que debochando da atual situação da humanidade!

Fico rindo sozinha, refletindo sobre esse estranho pensamento de que as árvores pudessem estar percebendo ou compreendendo o momento angustiante pelo qual estamos passando.

Então para minha completa surpresa, ouço uma voz um tanto rouca, quase inaudível:

– Humanos, não foi por falta de aviso!

Procuro a minha volta, mas não há ninguém. Deve ter sido uma falsa impressão de ter ouvido uma voz!  Estou sozinha na praça com a Dóris e alguns pássaros que buscam o que comer nas árvores ou no gramado; outros simplesmente estão à procura da luz e calor do sol. Estamos em pleno outono, e aqui no sul do Brasil temos as quatro estações do ano bem definidas: nessa época a temperatura já é amena, o sol apesar de brilhar intensamente, parece não ter mais força.

Faço meus passeios com a Dóris bem cedo exatamente por isso, em busca da solidão, da quietude e paz do lugar nesse horário.

E então, aquela voz novamente:

– Não foi por falta aviso!

“Estou enlouquecendo”, penso.

– Eu bem que avisei! – repete a voz de origem desconhecida.

Dou alguns passos em torno do lugar onde estava, procuro a luz do sol, o ar está levemente fresco. Me aproximo de uma árvore frondosa que admiro muito!

Árvore preferida? Sim, aquele arvore grandiosa sempre me chamou a atenção; em dias quentes, gosto de ficar sob sua grande sombra. Já aconteceu de me sentir triste e melancólica e buscar energia juntos aos seus galhos fortes e resilientes.

Também já a fotografei; tanto no outono com seus galhos completamente secos e desfolhados, como no final da primavera: linda, verde e esplendorosa! Não é uma simples árvore: é um ser vivo, cheio de energia, altivez e força! Não sei sua idade, nem sua espécie; talvez uma figueira! Só sei e reconheço sua beleza e imponência!

Me aproximo ainda mais daquela árvore magnífica, com suas enormes e extensas raízes parcialmente expostas sobre a terra, toco em seu frondoso tronco e insanamente respondo aquela voz que teima em ecoar na minha mente:

– Verdade minha amiga, Mãe Terra tem dado muitos avisos; mas a humanidade no alto do seu egocentrismo, vaidade, ganância e egoísmo parece não perceber todo o mal que vem causando ao seu próprio habitat, aos animais, aos mares e rios, ao ar, a flora…

Por que respondi àquela voz anônima, de forma intuitiva, junto a árvore, não sei explicar.

E então o inesperado, o extraordinário acontece! Aquela árvore maravilhosa, minha árvore preferida me responde num lamento choroso:

– Mãe Terra sofre!

Sim, para meu completo espanto, naquele instante tive a certeza de que a voz provinha da árvore!

Não passava de um sussurro, mas inacreditavelmente àquela árvore se comunicava comigo. Algo telepático, eu suponho; não sei, mas o fato é que eu a ouvia e estava perplexa, chocada, até um pouco confusa com o que estava ocorrendo.

Olho ao redor a procura de eventuais testemunhas; ninguém a vista, felizmente! Imagina alguém me ver conversando com uma árvore, o que iria pensar?  As ruas permaneciam desertas: estamos eu e ela! Ela, a árvore, como parte integrante da natureza viva existente ali, naquela praça.

– Não se preocupe tanto com a opinião dos outros!

Fiquei chocada! Eu ouvi mesmo isso?

Tento ignorar meus pensamentos, procuro minha cachorrinha com os olhos, que está longe, entretida a cheirar e fuçar na grama.

Sinto a brisa, respiro fundo, o ar está mais leve.

Era completamente insano, mas eu estava a me comunicar com uma árvore – minha amiga árvore, como eu costumava chama-la.

Ao longe escuto um bem-te-vi, talvez um sabiá. Não conheço muito de pássaros.

– O sabiá está feliz com a quietude! – A árvore conhecia os pássaros, eram seus amigos, estavam sempre a repousar ou se abrigar em seus galhos.

– Sim, até os pássaros reconhecem momentos como este: felizes e mais confiantes com a ausência de humanos a sua volta. – Respondo em voz alta para minha própria perplexidade.

“Eu estou conversando com uma árvore?” – me pergunto mentalmente, um tanto chocada comigo mesmo.

– Que mal há nisso? – era ela de novo.

Dou um sorriso e me aproximo mais daquela enorme árvore. Passo as mãos em seu grande tronco, uma verdadeira fortaleza, e me percebo respondendo:

– Não há mal algum nisso minha amiga, mal algum! Só estou um tanto perplexa diante do inusitado da situação. Nunca imaginei a possibilidade de comunicação com as árvores!

– Mas então porque você sempre vem até aqui e fala em voz alta comigo? – Era uma pergunta direta. – Confesso que não entendo os humanos: sempre tão contraditórios entre o que pensam e o que fazem!

Fiquei pensativo tentando encontrar uma resposta plausível. Por fim, respondi o que me pareceu ser a minha verdade:

– Percebo nas árvores, flores e até no mar e no sol, as forças e energias da natureza! Percebo a presença de Deus, Fonte Criadora de Vida…Quando faço meus cumprimentos ao sol, a mata, estou saudando e agradecendo à Deus! Acho que é mais ou menos isso, consegue entender?

– Isso faz sentido para mim! E deve ser por essa sua sensibilidade, sua percepção mais aguçada sobre a presença divina na natureza que você está conseguindo captar minhas manifestações!

Eu estava aturdida com tudo aquilo; ainda incrédula, apesar de estar, efetivamente, vivendo aquele diálogo maluco com uma árvore!

– Sério? – Indaguei, querendo saber mais sobre o que ocorria.

– Na verdade, isso que está acontecendo é algo fora do comum, acho que podemos chamar de fenômeno…

– Uma benção! – minha amiga completa.

Dou uma sonora gargalhada; acho que consequência do nervosismo diante do inusitado de estar conversando com uma árvore.

Seus galhos e folhas fazem movimentos sistemáticos por três vezes, como se quisessem encostar no chão. Tudo muito rápido e repentino, mas que devido ao tamanho gigante de sua copa propiciou um espetáculo magistral.

“Isto seria a risada de uma árvore?” – pergunto para mim mesmo.

– Seus amigos humanos chamariam isso de milagre! – me responde a árvore.

– Algo impossível! – balbucio para mim mesmo!

– Mas não conte a ninguém – continua ela, ignorando meu comentário.

– Pode ter certeza que não! – respondo rindo para ela.

– Acho que ninguém acreditaria! As pessoas iriam supor que todo esse isolamento social, todo o medo e angústia que estamos vivendo diante do desconhecido acabou afetando meu equilíbrio, minha sanidade mental! – concluo.

– Considere como nosso segredo! – ela responde simplesmente.

Fico em silêncio, desfrutando o momento. Apesar de todo extraordinário, e eu sabia tratar-se de uma vivência singular, era fascinante, e eu estava feliz, alegre, sentindo uma energia leve, harmônica no ar. Deixo fluir e um enorme sentimento de gratidão invade minha alma.

– Percebes a magia no ar? – era minha amiga que me questionava.

Não respondo, e simplesmente fico a escutar o silêncio. Parecia que o mundo havia parado!

Repentinamente, os galhos e folhas da árvore se movimentam vagorosamente, algumas folhas, as mais secas, se desprendem e flutuam no ar até chegar ao solo; num movimento leve como um sopro, um suspiro.

“Eu estou enlouquecendo!” – pensei. Achar que o movimento das folhas de uma árvore é um suspiro ou algo do tipo.  Quanta maluquice!

Havia um silêncio quase perturbador.

E então, quebrando o momento, escuto latidos. Senhor! Eu tinha esquecido completamente da minha cachorra!

Distante de onde estou, na cancha de futebol dos meninos, ela encontrou um gato e está lá, furiosa a confronta-lo. Ambos em posição de ataque, se olham, Dóris late e o gato se ouriça todo, rosnando ameaçadoramente. Não consigo determinar quem está com medo de quem: o gato era imenso, quase o mesmo tamanho dela, que é um cão de pequeno porte! Não sei sua raça, por que a adotei; abandonada por alguém sem coração.

Saio correndo em direção a ela, esquecendo momentaneamente da minha conversa com a árvore. Tenho medo que o gato possa machucá-la, Dóris já é velhinha, está há 11 anos comigo! Chego até ela ofegante, com o coração acelerado; mas consigo recolocar a guia nela, e o gato aproveita e foge rapidamente.

Volto caminhando lentamente, puxando-a pela guia.  Me dou conta que nosso passeio está mais prolongado do que o habitual.  A hora avança, preciso voltar para casa!

Retorno até minha amiga árvore para me despedir – algo que depois, ao relembrar os acontecimentos inusitados daquela manhã, me pareceu chocante! Indo me despedir de uma árvore? Eu realmente fiz isso?

O fato é que sim, eu fiz!

Porém, ao voltar até a árvore, tentei retomar o diálogo com minha amiga, sem sucesso! Por algum motivo, nenhuma palavra da parte dela!  Um silêncio absoluto!

A minha saída repentina da conversa a teria deixado chateada? Ou a sintonia, a conexão tinha sido abruptamente cortada?

Sem respostas e sem saber exatamente o que fazer, um tanto aturdida com aquela sequência de absurdos, fiquei a dar voltas na árvore, puxando a Dóris pela guia. A verdade é que eu não queria ir embora e deixar minha amiga aborrecida comigo: nossa conversa, na minha percepção, estava inacabada.

O maior dos despautérios: eu estava preocupada com os sentimentos de uma árvore!

Como assim? Me senti um tanto patética! Mas, loucura ou não, minha amiga árvore se comunicava comigo, parecia entender tudo o que estava acontecendo no mundo, percebia e captava minhas emoções, meus pensamentos. Sim, eu devia demonstrar meus bons sentimentos e intenções em relação a ela.

Por mais incrível que pareça, eu me aproximei dela, coloquei a palma da mão direita, completamente aberta, sobre seu tronco e pedi desculpas!

– Minha amiga querida! Peço desculpas se te deixei falando sozinha! Tive que pegar minha Dóris que estava ameaçando um gato! – dei uma risada e continuei:

– Na verdade, não sei se o perigo maior não era o gato atacar a Dóris! – continuei rindo sozinha.

Falha minha: eu não estava sozinha!

Neste momento, os galhos fizeram um movimento rápido se dobrando em direção a terra, fazendo com que os galhos menores e folhas encostassem no chão; repetidas vezes, rapidamente, quase que bailando, tal qual haviam feito anteriormente!

Mas havia uma energia leve, alegre, solta no ar; assim como algumas folhas secas que se desprendiam e flutuavam em círculos até chegar ao solo, numa linda coreografia! Era algo extraordinário, mas era real: minha amiga árvore estava rindo de novo e me presenteava com um espetáculo belíssimo, de puro encanto e magia!

Soltei a guia da Dóris no chão, e num impulso de pura emoção, abracei minha amiga, os braços completamente abertos, contornando seu tronco, e com o coração aliviado e feliz, disse:

– Obrigada minha amiga!

Ainda atônita com tudo, fiquei um tempo alisando os galhos e troncos da minha amiga árvore. Percebo alguns parasitas em seus galhos e retiro aqueles que estavam ao meu alcance.

Olho em volta, o céu está nublado, o sol nem bem chegou e já se foi, um silêncio total….

– Até amanhã, minha amiga! – Ainda toco uma última vez no tronco daquela árvore.

– Vamos Dóris, vamos para casa que já é tarde! – Pego a guia e sigo o caminho de volta para a casa, sem muita pressa, ainda aturdida com tudo o que havia me acontecido, mas envolta numa energia de puro contentamento!

Não havia explicações racionais para tudo aquilo. Eu não poderia dividir o ocorrido com ninguém. Todos achariam que eu tinha perdido o equilíbrio, paranoia, insanidade total!

Eu mesma, não tinha muita certeza sobre o ocorrido. Como explicar racionalmente o que eu acabara de viver?

Volto para casa caminhando lentamente: sou pura reflexão!

Eu precisava ordenar minhas ideias! Vou para o meu quarto, arrumo a cama, guardo umas roupas. Tudo feito mecanicamente, com a mente solta, livre de pensamentos.

Ligo o rádio. Notícias: a pandemia! Não se fala em outra coisa. Não quero saber de notícias tristes! Desligo o rádio.

Onde está meu caderno de anotações?

Vontade de escrever, preciso escrever sobre a recente experiência, registrar meus sentimentos, emoções conflitantes que teimam em saltitar no meu peito.

Algo tão excepcional precisa ser devidamente registrado no meu diário, com todos pormenores e detalhes!  Aquele sopro de felicidade e leveza com que deixei a praça, se esvanece e cede espaço a uma certa ansiedade, chega perto da angústia, ou seria excitação? Algo bem indefinido, mas as letras parecem estar vagarosas, melancólicas…

Não consigo ser concisa nem clara nas minhas anotações! Odeio quando isto acontece: quero escrever, mas as letras parecem se divertir com meus sentimentos e as palavras não chegam, as ideias não se conectam.

Depois de algum tempo, sou invadida por um sentimento de saudades. Jamais imaginei viver algo assim, impossibilitada de estar com os meus amores, meus filhos, netos, sobrinhos, amigas…

Tenho consciência que não sou só eu, que isso acontece em intensidades distintas no mundo todo!

O mundo todo paralisado devido a um vírus! Inimaginável!

Com todo o avanço da medicina, da indústria farmacêutica, o mundo se rende a uma enfermidade, e continuamos a espera da nossa única esperança: a vacinação! Que seja logo!

Mas também jamais imaginei conversar com uma árvore. Minto, costumo conversar com as árvores, com as flores e arbustos do meu jardim, mas até então, só eu falava…

Fico rindo sozinha ao pensar nisso: quando vou podar ou tirar folhas e hastes secas das minhas roseiras, arbustos ou folhagens, costumo pedir licença e explicar as plantas da necessidade de fazer a poda. As trato como seres vivos, carregados de energias e, portanto, talvez a poda possa lhes trazer algum sofrimento. Não sei! Quem garante que não?

Com o caderno e caneta na mão, atirada sobre o sofá, reflexiva sobre a experiência inusitada que acabara de viver, as palavras começam a bailar na minha mente, algumas se destacam, num rabisco indistinto, sem muita forma.

Li e reli os versos escritos! Tão simplório! Ridículo!

Resolvi esquecer toda essa loucura, me distrair. Esquecer das notícias tristes, reprimir a saudade, distrair a mente.  Fui para a cozinhar fazer pão! Era uma boa distração! Queria ocupar a mente, esquecer os acontecimentos estranhos daquele sábado, de certa forma histórico!

Convenhamos, não é todo dia que se conversa com uma árvore!

O dia ficou pesado, assim como o céu que ficou repleto de nuvens escuras; o sol não voltou a brilhar. E eu, saudosa e deprimida; as horas não passam, minhas ideias e pensamentos devaneiam em torno de tudo o que estamos vivendo, novos hábitos, tantas restrições. Parece filme, parece ficção!

Enquanto aguardo o pão crescer, tento escrever!

Que estranho! Estou escrevendo, mas não vejo nada no caderno.

São palavras invisíveis! Assustador!

Faço mais uma tentativa.  Mas nada aparece no caderno! Confiro a caneta, tem tinta…

Me sinto invadida pelo medo do desconhecido! O que está acontecendo?

– Pedroooo!! – É a minha voz chamando meu marido.

E então, me acordo assustada com o meu próprio grito.

Meu marido sentado na cama ao meu lado, nervoso; eu o havia acordado.

– O que foi? Tá passando mal?

Sento na cama, olho para ele, olho ao redor: é o meu quarto!

Não respondo nada, meu coração ainda está acelerado.

– Tu estavas sonhando! – conclui ele!

–  Que dia é hoje? – pergunto ainda confusa.

– Sábado! Mas ainda é muito cedo, está amanhecendo…

Pego o celular na mesa de cabeceira. São 6:09h da manhã.

– Está te sentindo bem? – ele parecia preocupado.

– Acho que sim! – respondo, sem muita convicção.

– Vou buscar um copo d’agua para ti! – ele se levanta e sai do quarto em direção a cozinha.

– Não acredito que tudo foi um sonho! – Falo para mim mesma, decepcionada.

Arrumo meus travesseiros e me encosto, tentando acalmar meu coração e meus pensamentos. Procuro respirar vagarosamente.

Eu estava completamente frustrada! Então, eu não conversei com a minha amiga árvore! Tudo não passou de um sonho!

Pedro retorna com a minha água. Agradeço e tomo um gole de cada vez, prolongando aquele ato de beber água.

– Tenta dormir! Ainda é muito cedo para levantar! – me diz ele, já deitando e se aconchegando nas cobertas.

– Apaga a luz! – ele ainda me pede.

– Vou me levantar! – Respondo simplesmente, já saindo da cama.

– É muito cedo! Não são nem 06:30h ainda! Está escuro, sol nem nasceu! E está friozinho! – Ele tentava me convencer a ficar deitada.

– Sei disso! Vou fazer um café e tentar escrever. Vou registrar meu sonho, não quero esquecer dos detalhes; o que pode acontecer se eu dormir de novo!

– Tu que sabes! – me respondeu ele, se virando na cama e cobrindo até a cabeça.

Vou para a cozinha, preparo um café, pego meu caderno de anotações e começo a escrever ali mesmo, na pequena bancada da cozinha.

Fico aliviada ao perceber que as palavras no caderno não estão invisíveis! Dou uma risada ao perceber o inusitado de tudo! Que maluquice! Tento concentrar na escrita. Palavras soltas, não há conexão. Respiro profundamente, tomo um gole de café e deixo os pensamentos fluírem, irem…E então, letras e emoções se confundem num poema!

Leio e releio o que escrevi!  Gosto!

A noite não foi boa! Ou foi? Não tenho certeza, mas o dia que está nascendo há de ser melhor! O sol há de brilhar…Esperança!

Não vejo a hora de retornar à praça! Mas ainda é muito cedo! Paciência, é preciso esperar! Tudo tem sua hora, nada acontece antes do tempo!

Será que neste sábado que amanhece, minha amiga vai conversar comigo de fato? Fico rindo sozinha!

É a quarentena e seus efeitos: loucuras, letras e um turbilhão de emoções!

*****FIM******

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